Estava sentado defronte àquela luz transcendente da tela do computador. Dividia a perspectiva do olhar com a enorme janela ao meu lado. O olhar se desviava. Ia para longe. Ele sempre viaja na imensidão daquele misto preto e branco da noite silenciosa e fria. Na verdade, o olhar falava pelo coração. Era a vontade maior de estar lá. Lá onde a saudade não bate à porta, onde o calor da emoção ultrapassa o abraço apertado ou o mais carinhoso beijo.
Dividi o olhar com o aperto do coração. Se era no lá que gostaria de estar, infelizmente não era lá que eu estava. Estava ali no retângulo de paredes construídas para me abrigar daquele vento que se fazia soar por entre as aberturas. Ele também soprava na abertura do meu coração, naquele vazio inesperado, na ansiedade por uma espera, por um momento, por uma vontade, por um instinto, por uma personalidade. Olhei de novo. Era inevitável não se deixar entregar à paisagem urbana. O silêncio arrebatador das ruas calmas fazia jus ao momento sugerido, da falta do acalanto, da saudade difundida. Só se via e sentia. Era uma mescla para sonhadores com insônia tomando xícaras de café noite adentro. O pensamento ia longe, junto ao olhar, até a imensidão homogeneizar-se com a escuridão do mar da noite. Levava-me espiritualmente para lá, para rir, comer, beber, jogar conversa fora. Amar-se. Continuava sentado defronte à tela do computador. O olhar continuou a tentar entreter-se com as palavras que vos digo com a imensidão do mundo bem ao meu lado. Está bem pertinho. Sinto sua respiração ofegante e perturbadora, chamativa para entregar-me sua chave. A chave do mundo. Do meu, do nosso mundo. Its time nos acordes do som baixo. Olhou-se a janela mais uma vez. Luzes piscavam ao longe. Faltava alguma coisa. Alguma coisa faz falta. O sorriso neste momento, talvez. Mas a noite dessas ruas silenciosas não deve ser tão longa assim. Fiquemos à espera do dia. Por enquanto, continuo a devanear defronte à tela de luzes transcendentes e perpendicular à imensidão de minha janela. Perpendicular à imensidão da abertura para o mundo, o meu, o nosso mundo...
1 Comment
Lurick
16/7/2015 10:23:42
Gostei de ler o seu texto. Por acaso decidi clicar no link quando vi sua postagem no Facebook. Apenas fiquei sem entender porque a última publicação foi há tanto, deveria continuar a escrever mais, a praticar. Não me entenda mal, não estou tecendo críticas, haha. Ainda mais eu que não escrevo nada. Mas é ótimo ler textos de pessoas próximas. Abraço.
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BioGraduando de Arquitetura e Urbanismo, amante da música e de séries e filmes. Séries em andamento sempre que a arquitetura deixa. Ama os amigos como família e a família como anjos divinos encarregados de nos transbordar amor. Os melhores momentos da vida foram, são e sempre serão ao lado daqueles que te dão o conforto nos (a)braços do amor.
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Dizem por aí que tenho o dom de encantar com as palavras. Verdades ou boatos, continuo escrevendo como forma de levar às pessoas o que sinto, o que passo e o que penso. As conexões entre aquelas, por assim dizer, faz-se de grande importância para que o objetivo final das palavras soadas (ou escritas) seja alcançado. Ou seja, de que se transponha a força do pensamento e a pureza do coração.
Bem vindxs ao Indeed, onde o de fato figura-se entre as mais singelas incertezas. @vinirodriguesarq
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