Nostalgia. Lembrava-me por esses dias da infância, um tanto quanto solitária, mas proveitosa em seus mais diversos sentidos. No sentido do que é ser criança, de suas implicações, de sua mágica, de suas limitações e do seu significado.
A delicadeza dos tempos, o calor e o frio aguçados, as poucas preocupações limitadas a ajoelhar-se no chão de concreto e infantilizar todo aquele, então, significado de mundo: a brincadeira com os carrinhos, o som emitido pelas cordas vocais que 'onomatopeiam' o motor do automóvel; o jogar da bola esvoaçante pelos chinelos que metaforizam as traves brancas do estádio, cujo público era a alegria e a emoção de poder entregar-se ao que era ser criança; as histórias, contadas, inventadas, imaginadas para elevar-nos à condição de criaturas que sequer sabiam o que era o mundo lá fora, mesmo estando debaixo das estrelas e daquele luar que rendiam gritos de gol ou que esvaneciam o 'boa noite' de mais um dia sendo criança. As horas transcorreram sem pedir licença, anunciando, apenas, durante todos os dias o envelhecer epidérmico, biológico e o também mental, sem persuadir-nos com interpretações que indiquem um pensamento retrógrado. Não, digo-lhes na evolução do pensamento e da importância que acabamos percebendo nas grandiosas minúsculas coisas ao nosso redor que, enquanto crianças, enxergávamos como tais, no sentido da infância de ver e sentir. Aquele chão de concreto agora não mais me dá tempo de ajoelhar, mas de dividir o piso para senti-lo ao lado daqueles que não nos permite interpretações errôneas, que não precisam dizer tudo que sentem (apenas sentir), que não precisam brigar ou ofender para esclarecer ou sanar dúvidas (apenas reagir, com um abraço, um beijo)... A gente cresce, as responsabilidades também, percebemos que os limites são impostos por nós mesmos, mas ganhamos uma pequena coisa nessa estrada da vida que devemos agarrar como fazíamos com aquele bicho de pelúcia antes de todas as noites ir dormir ao som das cordas do movimento harmônico do violão do pai soando as notas da página 61 do livro de cifras do Roberto Carlos... A amizade. A amizade e a pausa para concentrar todas as possíveis palavras que impossibilitam a transcrição do sentimento que lhe é intrínseco. Ah!... paradoxo tão presente! A amizade que nos impõe que o significado da vida vai muito além das compras do fim de semana, da luta cotidiana pelos frutos monetários, da massa corrida que pode cobrir a alvenaria, da lâmpada incandescente que, temporariamente, nos permite a luz, dos planos infalíveis totalmente falíveis, das risadas e choros decorrentes... O suspiro. Nada de superficial está em jogo e nem sequer está no banco de reservas. É descarte. É o chegar da maturidade e a percepção de que não dá para viver esse cotidiano tão cheio de deveres sem estar ao lado desses minúsculos grandiosos seres que te acompanham mesmo de longe. Um telefonema, uma mensagem, um bom dia, uma bronca, um abraço: tudo diante dos amigos é a sinonímia da perfeição, da alegria e de que, sim, a vida vale muito a pena. Tudo se resolve com o mínimo que se pode abastecer esses pequenos motivos de validade da vida, dos momentos indispensáveis aos seus lados, das mil e uma palavras ditas e do único sentimento que nos une na melhor fórmula de coesão entre essas pessoas: a reciprocidade do amor, sem medidas, sem cautelas, sem fronteiras.
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BioGraduando de Arquitetura e Urbanismo, amante da música e de séries e filmes. Séries em andamento sempre que a arquitetura deixa. Ama os amigos como família e a família como anjos divinos encarregados de nos transbordar amor. Os melhores momentos da vida foram, são e sempre serão ao lado daqueles que te dão o conforto nos (a)braços do amor.
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Dizem por aí que tenho o dom de encantar com as palavras. Verdades ou boatos, continuo escrevendo como forma de levar às pessoas o que sinto, o que passo e o que penso. As conexões entre aquelas, por assim dizer, faz-se de grande importância para que o objetivo final das palavras soadas (ou escritas) seja alcançado. Ou seja, de que se transponha a força do pensamento e a pureza do coração.
Bem vindxs ao Indeed, onde o de fato figura-se entre as mais singelas incertezas. @vinirodriguesarq
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