É interessante como o passar do tempo nos oferece concepções distintas a respeito do que ocorre no cotidiano dessa estrada. É engraçado olhar para trás, seja um passado distante ou próximo, e perceber como ideias previamente concebidas e defendidas com clamor vêm água abaixo e dão lugar a uma nova visão. O título, porém, não nos leva ao belíssimo órgão da visão. Nos leva à dicção. E, se formos mais a fundo, podemos orientar a dicção para a chamada oratória, tudo que se remonta ao nosso interior de devaneios e pensamentos exauridos por um canal que permite nos comunicar com o mundo, falar de nossas experiências, afirmar, questionar, produzir sons, sorrir, tremer, calar-se. Algumas leituras e experiências me confirmaram a tão poderosa ferramenta que é o pensamento. É como se o corpo humano fosse uma grande máquina (e o é) controlada por um ser interior, dotado de exércitos conflitantes, guiados e influenciados por diversos confrontantes, vindos de armas também poderosas: o coração e a mente. O ser interior: será que podemos chamá-lo de alma? OK. Acredito que não daremos motivos para um motim caso o denominemos assim. Pois bem. Falava a respeito do poder dessa peça humana, acima de tudo biológica e, no seu âmbito íntimo, uma peça de instintos e vontades. Do pensamento emana as mais variadas ações, que comandam outras peças dessa máquina, dentre elas, os produtos da oratória, do ser falante, das sinapses produzidas e convertidas em uma energia possui um peso: as palavras. Essas pequenas caligrafias que não sobrevivem com a solidão tornam-se monumentos de grande importância com a ida desse caminhar diário, fato que, atrás, não se ligava muito, não é? O berço nos ensina as formas básicas de comunicação; o andar, as formas de lidar com esta última. Ver e reaver, com os devidos cuidados semânticos dos verbos anteriores, ações e convicções é um dos grandes prazeres da arte do pensamento. Não só deste, mas também da emoção, do sentimento, que argumenta forte em muitos momentos. Oh, coração, por que és tão forte? Por que não entras numa parceria com a mente e, assim, o reino das células humanas unem-se e comandam sem deixar espaço para nenhum vazio? Por que? Seria tão mais fácil... Remetendo a um grande sábio que mostrou-se muito mais que esperava, um ato nobre e decorrente de nossas próprias imperfeições é, com certeza, parar e refletir o verdadeiro peso das palavras, daquilo que foi dito ou do que poderá ser emanado. Seria maravilhoso se muitos fizessem isso. Seria mais maravilhoso ainda se não fosse tão difícil que certas palavras e suas derivadas conexões se fizessem entendíveis, sem margem para erros. Mas erros existem, não é? Sim. O perdão também, não? Sim. E ambos os lados? Também. Mas, não se pode responder pelo outro, nem entendê-lo por completo. Correto? Injusto cuidar do peso oratório para não transbordar enquanto o limite inverso não existe, num tipo de aferição ideal? Provavelmente. Bingo! Salve, John Ruskin! Quantas palavras não foram ditas em vão? Quantas foram derramadas em um leito onde corria uma água que não precisava de tamanha profundidade para que pudéssemos banhar-nos? Quantas passaram à frente onde residia a compreensão e o sentimento e não se fez nem olhar pela janela para ver se alguém batia à porta? Quantas tiveram seu verdadeiro destino solapado pelo sono decorrente das horas, dos dias, das semanas, das causas? Quantas foram recíprocas? Quantas tiveram seu verdadeiro valor medido no peso da consciência, no peso do coração e na média que pondera nossas vidas? Quantas? Deus... palavras são tão comunicativas! E ao mesmo tempo, tão confusas e dolorosas! Mas, tenhamos calma. Se da nossa imperfeição sobressai um caráter de honradez, devo-me orgulhar por ir atrás de um dicionário que nos entregue significados acurados de nossas atitudes e de nossos sentimentos. Paciência é uma palavra de ordem; esperança também. No controle da máquina humana, mente-coração configura um binômio que nos exige controle e conhecimento. O pensamento é o ator dessa cena, ensaiando, sem medo de esforços, as ações das peças decorrentes de si. O que se deve medir dessa intensa batalha? O peso? Sim, também. Mas, acima de tudo, a verdade, a verdade do sentimento e da razão empreendida para a ação da solução matemática e lógica da coisa; do esforço das tentativas de pronunciar palavras encaixadas, frases solucionadas, devaneios entendíveis, sentimentos compreendidos. E qual máquina isso nos afere? Talvez não saiba responder, mas acredito ser uma das várias que existe no mercado da vida: o da compreensão de uma grande célula marcada por vitórias sucessivas do coração.
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BioGraduando de Arquitetura e Urbanismo, amante da música e de séries e filmes. Séries em andamento sempre que a arquitetura deixa. Ama os amigos como família e a família como anjos divinos encarregados de nos transbordar amor. Os melhores momentos da vida foram, são e sempre serão ao lado daqueles que te dão o conforto nos (a)braços do amor.
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Dizem por aí que tenho o dom de encantar com as palavras. Verdades ou boatos, continuo escrevendo como forma de levar às pessoas o que sinto, o que passo e o que penso. As conexões entre aquelas, por assim dizer, faz-se de grande importância para que o objetivo final das palavras soadas (ou escritas) seja alcançado. Ou seja, de que se transponha a força do pensamento e a pureza do coração.
Bem vindxs ao Indeed, onde o de fato figura-se entre as mais singelas incertezas. @vinirodriguesarq
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