Se me parassem para, cordialmente, perguntar como estou, seria amplamente capaz de responder que uma natureza estranhamente habitável em mim insiste em perdurar nas lições dos professores da vida. É como se fincassem cada vez mais raízes que procuram a profundidade certa para estocar todos os nutrientes necessários à sua auto sobrevivência.
A psicologia poderia indicar um rumo. Vontade não me falta para descobrir esses meandros das células humanas, habilmente capacitadas para nos levar aos mais profundos devaneios, às mais sinceras experimentações, aos mais incertos argumentos, às mais leves certezas. O diagnóstico poderia estar escrito à letras manuscritas algum tipo de transtorno ou de ambígua personalidade. Mas, não. Apesar de observar de maneira longínqua a realidade dos estudos médicos, usufruo da liberdade de pensamento para deleitar de uma autorreflexão. "O que vou fazer?", pergunto-me nessas noites tortuosas e demoradas para vir de encontro ao sono. Vejo a fé e a paciência, sempre, como as soluções mais pertinentes para os últimos acontecimentos dessa história que me parece não mais ter capítulos para seu prolongamento. De fato, este personagem há muito vem mudado. Não, e isso não é mais uma autocrítica, como já foi um dia; hoje? Não mais. Foi uma descoberta própria que me permite aproveitar o sufixo mais uma vez: é a autovalorização. Incomodei a mim mesmo julgando que atitudes tomadas, por vezes, estranhamente aos meus modos de comportamento eram ofensas aos outros poucos personagens dessa história louca. Mas o vilão não era eu. Talvez, ou certamente, o antagonismo ficou por conta da incapacidade dos personagens encararem-se de frente, não num ringue como uma espécie de luta entre a vontade de um lado e a inércia do medo do outro, mas numa cordialidade que qualquer sentimento verdadeiro poderia suportar. Mas talvez seja aí que resida a questão. A verdade realmente existe? E será que ela um dia realmente existiu? Concluí, mais uma vez estranhamente, que aquilo já não me era saudável e que a autoestima não mais estava ligada àquele enredo. Foi difícil aceitar que tais episódios realmente foram ao ar na TV da vida. Contudo, assim tinha sido escrito e foi assim que resolvi aceitar a condição do personagem em seguir em frente, porque era o melhor que se tinha a fazer. A inércia do antagonismo não me pertencia; não podia assumir suas falas, suas faltas, suas falhas, por mais que vontade não me faltasse para lhe alertar. Falas aquelas, infelizmente, não condiziam com nenhuma de suas atitudes. "Palavras não amam ninguém", dirigiu-me uma frase. E eu, com a experiência dessa vida, complementei: "Palavras também não significam amizade, nem cordialidade, nem educação, nem respeito, nem humildade..."; "E quem poderia significar isso tudo, então?", questionara-me. Respondi: "As atitudes". Se na Medicina possuo pouca proximidade, posso certamente aproximar-me do desenho. As ideias surgem dos pequenos rabiscos do croqui, que segue nas costas do corpo de suor, ofegantes pelos corridos dias que nos seguem. Mas, aquele antagônico personagem (tanto de palavras, quanto de atitudes, típicos de sua própria atuação) não mais está entre minhas folhas. Foi um rabisco que fiz questão de jogar fora, um conjunto de linhas desencontradas, frutos dos devaneios desinventados da imaginação, que agora responde com mais ciência sobre o quê aquilo representou: um descarte, uma ideia deixada para trás. Se me disseram, um dia, que todo croqui deveria ser guardado, desculpe-me as convenções: essa folha eu preferi amassar e jogar no lixo.
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BioGraduando de Arquitetura e Urbanismo, amante da música e de séries e filmes. Séries em andamento sempre que a arquitetura deixa. Ama os amigos como família e a família como anjos divinos encarregados de nos transbordar amor. Os melhores momentos da vida foram, são e sempre serão ao lado daqueles que te dão o conforto nos (a)braços do amor.
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Dizem por aí que tenho o dom de encantar com as palavras. Verdades ou boatos, continuo escrevendo como forma de levar às pessoas o que sinto, o que passo e o que penso. As conexões entre aquelas, por assim dizer, faz-se de grande importância para que o objetivo final das palavras soadas (ou escritas) seja alcançado. Ou seja, de que se transponha a força do pensamento e a pureza do coração.
Bem vindxs ao Indeed, onde o de fato figura-se entre as mais singelas incertezas. @vinirodriguesarq
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