Atuar é realmente um dom. Grandes sábios entregaram-nos seus talentos para fazermo-nos acreditar em seus respectivos personagens, perpassados através de diversos meios findando atingir outro meio: o meio do pensamento, das indagações, do brilho ocular que, instigado de diversas emoções, prende-se em meio à cena do antagonista causando a sofrível tensão diante do casal de protagonistas ou o olhar desvanecido perante o beijo apaixonado do casal digno de um final feliz, onde prospere seu batalhador amor.
A vida é um grande teatro. Um grande cenário reside em nossa volta. Um cenário meio clássico, meio moderno, meio sarcástico, encantador ou burocrático, formado pelo balançar daquela cortina escarlate que a si evoca atenção. Cada pessoa que por nós circunda tem um papel. Um papel que lhes pertence. Não sabemos sua verdadeira fala, seu verdadeiro pensamento, suas ideologias, suas emoções e sentimentos. Enquanto 'eu' protagonizo a minha cena, os outros perfazem meus colegas da mesma cena, com a qual divido as falas em um cenário marcado pela emoção, pelos anseios, pelos medos, pelos paradoxos, pelas incertezas, pelas esperanças e pelo prazer de ter de descobrir os seguintes passos encobertos por um diretor que sabe o que faz. O olhar entra no palco das emoções ansiando dar o seu melhor. O 'eu' protagonista no teatro da vida não metaforiza ou simboliza um 'eu' limitado a si mesmo. Teatralizar não é nada fácil. Recordemos do dom para tal. Façamos do 'eu', assim, o 'eu' de cada um, tornando-o o agradável 'nós'. Afinal, a cena no background vida não deve ser um monólogo; que tenhamos, de maneira verdadeira, a presença de um elenco com o qual dividamos tamanha experiência. E que também façamos valer a experiência! Consigamos entreter o público com o nosso máximo, com a nossa voz, com o nosso instinto e respeito... com o nosso papel. Mas que não sejamos personagens descaracterizáveis. Sejamos nós. Nós somos o 'eu' protagonista. Cada um formador de todo o 'nós', sem diferenças ou razões para holofotes unidirecionais. A antropologia da vida revela-nos características de um 'eu' protagonista no espetáculo que é a vida, carregada de múltiplos significados, de pouquíssimas definições (ou, quem sabe, nenhuma), de variadas cenas, de múltiplos "corta!", de inteiros olhares para si e para outros... de verdadeiros esforços a dar o melhor de si. A antropologia revela-nos seu lado humanizador, entrando em cena com aquela festividade com a qual deve ser encarada qualquer tipologia de espetáculo, que nos entretêm do drama à comédia, da tragédia ao romance: nada melhor do que combater a tristeza com a alegria; por isso, "eu canto, eu danço, eu teatralizo (...)", num combate resistivo do cansaço da cena que, por vezes, nos assola. O cansaço... o cansaço das mesmas palavras, das mesmas cenas, dos mesmos erros, dos mesmos "corta!", do mesmo cenário, que parece não se movimentar, mantendo-se estático no âmbito de uma cena que parece não terminar. Mas, sem desistir, qualquer que seja o 'eu', qualquer que seja o seu papel, esse protagonista deseja, ao final, que suas emoções afloradas pelo limiar de sua própria pele penetre no entendimento da emoção do seu público e lhe arranque o melhor de seus, atentos ou desleixados, espectadores: o aplauso, a onomatopeia desvanecedora que busca o caminho o qual se faz ouvir, designando-lhe o sentimento de compaixão e consideração para com o artista que, ali, divide consigo a cena no teatro da vida. O nome do espetáculo? Ah... não me questione a respeito. Só sei que o mundo perfaz o palco e nós somos apenas seus majestosos atores.
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BioGraduando de Arquitetura e Urbanismo, amante da música e de séries e filmes. Séries em andamento sempre que a arquitetura deixa. Ama os amigos como família e a família como anjos divinos encarregados de nos transbordar amor. Os melhores momentos da vida foram, são e sempre serão ao lado daqueles que te dão o conforto nos (a)braços do amor.
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Dizem por aí que tenho o dom de encantar com as palavras. Verdades ou boatos, continuo escrevendo como forma de levar às pessoas o que sinto, o que passo e o que penso. As conexões entre aquelas, por assim dizer, faz-se de grande importância para que o objetivo final das palavras soadas (ou escritas) seja alcançado. Ou seja, de que se transponha a força do pensamento e a pureza do coração.
Bem vindxs ao Indeed, onde o de fato figura-se entre as mais singelas incertezas. @vinirodriguesarq
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